Nas Bíblias de edição católico-romana, o total de livros é 73, porque essa igreja, desde o Concílio de Trento, em 1546, inclui no cânon do Antigo Testamento 7 livros apócrifos, além de 4 acréscimos ou apêndices canônicos, acrescentando ao todo, 11 escritos apócrifos.
A palavra apócrifo significa, literalmente, escondido, oculto, isto em referencia a livros que tratava de coisas secretas, misteriosas, ocultas. No sentido religioso o termo significa não genuíno ou espúrio, desde a sua aplicação por Jerônimo.Os apócrifos foram escritos entre Malaquias e Mateus, ou seja, entre o Antigo e o Novo Testamento, numa época em que cessara por completo a revelação divina; isto basta para tirar-lhes a canonicidade.
Josefo rejeitou-os totalmente, nunca foram reconhecidos pelos judeus como parte do cânon hebraico. Jamais foram citados por Jesus nem foram reconhecidos pela Igreja Primitiva. Jerônimo, Agostinho, Atanásio, Júlio Africano e outros homens de valor para os cristãos primitivos, opuseram-se a eles na qualidade de livros inspirados.
Apareceu pela primeira vez na Septuaginta, a tradução do Antigo Testamento feita do hebraico para o grego. Quando Jerônimo traduziu a Vulgata, no início do século V (405 d.C.), incluiu os apócrifos oriundos da Septuaginta, através da antiga Versão Latina, de 170 d.C. porque isso lhe foi ordenado, mas recomendou que esses livros não poderiam servir como base doutrinária.
São 14 os escritos apócrifos: 10 livros e 4 acréscimos a livros. Antes do Concílio de Trento, a Igreja Romana aceitava todos, mas depois passou a aceitar apenas 11: 7 livros e 4 acréscimos. A igreja ortodoxa grega mantém os 14 até hoje.
Os livros apócrifos são:
1. Tobias: (após o livro canônico de Esdras);
2. Judite: (após o livro de Tobias);
3. Sabedoria de Salomão: (após o livro canônico de Cantares);
4. Eclesiástico: (após o livro de Sabedoria);
5. Baruque: (após o livro canônico de Jeremias);
6. 1Macabeu: (após o livro canônico de Malaquias);
7. 2Macabeus: (após o livro de 1Macabeus);
Os quatro acrécimos ou apêndices são:
1. Ester: (Et 10.4; 16.24);
2. Cântico dos três Santos Filhos: (Dn 3.24-90);
3. A história de Suzana: (Dn 13);
4. Bel e o Dragão: (Dn 14).
O Cardeal Pallavacini, em sua História Eclesiástica, declara que em pleno concílio, 40 Bispos, dos 49 presentes, travaram luta corporal agarrados às barbas e batinas uns dos outros. Foi neste ambiente espiritual que os apócrifos foram aprovados.
A primeira edição da Bíblia romana com os apócrifos deu-se em 1592, com a autorização do Papa Clemente VIII. Os reformadores protestantes publicaram a Bíblia com os apócrifos colocando-se entre o Antigo e Novo Testamento; não como livros canônicos, mas bons pra leitura e de valor literários e históricos. Isto continuou até 1629. A famosa versão inglesa King James, de 1611, ainda os conservou.
Após 1629, os evangélicos os omitiram de vez nas Bíblias editadas, para evitar confusão entre o povo simples que nem sempre sabe discernir entre um livro canônico e um apócrifo. Entre os católicos corre a versão de que as Bíblias de edição protestante são falsas. Quem, contudo, comparar a Bíblia editada pelos evangélicos com a editada pelos católicos há de concordar em que as duas são iguais, exceto na linguagem e estilo, que são peculiares a cada tradução.
O estudante da Bíblia deve estar acautelado, concernente aos livros canônicos e apócrifos em geral:
• Os 39 livros canônicos do Antigo Testamento são chamados de protacanônicos pelos católicos.
• Os 7 livros que chamamos de apócrifos, são chamados de deuterocanônicos pelos católicos.
• Os livros que chamamos de pseudo-epigráficos, são chamados de apócrifos pelos católicos.
A respeito dos livros apócrifos, seja qual for o valor devocional ou eclesiástico que tiverem, não são canônicos, comprova-se pelos seguintes fatores:
• A comunidade judaica jamais os aceitou como canônicos;
• Não foram aceitos por Jesus, nem pelos autores do Novo Testamento.
• A maioria dos primeiros grandes pais da Igreja rejeitou sua canonicidade;
• Nenhum concílio da Igreja os considerou canônicos senão no final do século IV; ( lembra que comentamos isto em sala? Reinado de Constantino ....
• Jerônimo, o grande especialista bíblico e tradutor da Vulgata, rejeitou fortemente os livros apócrifos.
• Muitos estudiosos católicos romanos, ainda ao longo da Reforma, rejeitaram os livros apócrifos.
• Nenhuma Igreja ortodoxa grega, anglicana ou protestante, até a presente datas, reconheceu os apócrifos como inspirados e canônicos, no sentido integral dessas palavras.
Segundo os critérios elevados de canonicidade, verificamos que aos livros apócrifos faltam os seguintes aspectos:
• Os apócrifos não reivindicam ser proféticos;
• Não detém a autoridade de Deus;
• Contêm erros históricos (v. Tobias 1.3-5 e 14.11) e graves heresias teológicas, como a oração pelos mortos (2Macabeus 123.45,46;4);
• Embora seu conteúdo tenha algum valor para a edificação nos momentos devocionais, na maior parte se trata de texto repetitivo; são textos que já se encontram nos livros canônicos;
• Há evidente ausência de profecia, o que não ocorre nos livros canônicos;
• Os apócrifos nada acrescentam ao nosso conhecimento das verdades messiânicas;
• O povo de Deus, a quem os apócrifos teriam sido originariamente apresentados, recusou-os terminantemente.
Escrito por Leandro Machado Padilha, eis a fonte!!!
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