Quando criança, todo menino sonha em ser um jogador de futebol, para quem tem algum dom com a redonda, ou um astronauta, para quem não foi agraciado por Deus com a mesma sorte.
O fato é que é raríssimo de se ver alguma criança, em seus 4 ou 5 anos, que, perguntada o que quer ser quando crescer irá dizer: "Quero ser Jornalista quando eu crescer."
Por mais que podemos ver meninos e meninas imaginando serem iguais ao William Bonner, ou à Fátima Bernardes, ou ao Sílvio Santos... isso tudo não passa de frutos da imaginação. Algo que para eles não passa de brincadeira. Assim como se divertirem em carrinhos de supermercado, imaginando estarem em uma pista de corrida.
Esse, definitivamente, não é o caso de Ian Pedro. Desde pequeno, ele demonstrava certo talento, jeito para a coisa. E dizia, a plenos pulmões: "Quando eu crescer, além de grande, quero ser JOR-NA-LIS-TA.".
Quando recebi esta pauta, sinceramente, achei que não ia render nada de interessante. Algo que, bom, você, leitor, terá condições de responder ao fim da reportagem, prometo. Apenas acompanhe o resto da história.
Os pais de Ian, levavam na esportiva, brincavam com seus amigos, dizendo que era coisa de criança, e passaria logo. Afinal, o Ianzinho, que recebera desde muito novo uma excelente educação, iria ser doutor. E já estava decidido. Ia ser médico ou advogado, e pronto.
- Vê lá se jornalismo é coisa de gente séria? Ele está só se divertindo - Dizia a mãe.
- É, coisa de criança, arrematava o pai, sempre que o assunto vinha à tona em alguma conversa.
A resposta parecia ensaiada, apesar de que Ian ia crescendo. 5... 9.... 14.... 17 anos. Chegou a hora do vestibular.
Nervos à flor da pele em toda a família, afinal, Ian 'de uma hora para outra', havia se rebelado. Logo ele, que era o xodó de todos, o garoto de ouro, que seria o Médico ou o Advogado mais bem sucedido de toda a região de Cabrobó do Norte.
O fato é que, enquanto muitos em sua idade, não sabiam o que fariam da vida dali em diante, ele estava decidido. As discussões em sua casa se tornavam cada vez mais acaloradas, afinal, não era apenas uma brincadeira de criança. Ian decidira não se sujeitar à vontade dos pais, e estes, por sua vez, não se conformavam com a decisão do filho.
A mãe havia praticamente surtado, ouvindo de todas as pessoas ao redor aquela frase "Eu te avisei." ou então a outra "Se você tivesse me escutado, isso não teria acontecido.".
Estava tão desorientada, que esqueceu de tudo o que tinha acreditado antes, de acordo com as pessoas, claro, e resolvera apoiar o filho. Essa desorientação' desde então é chamada de Amor Incondicional de mãe.
O pai, sem saída, resolveu então correr pra algum lugar. Não se sabe para onde ele foi, mas a população de Cabrobó do Norte afirma que ele não aguentou a pressão de ter que conviver com um filho estudante de jornalismo em casa. De acordo com as más línguas, ouvidas durante a coleta de dados para esta reportagem, ele correu para debaixo da saia de sua mãe, algo que esperavam que tivesse feito há pelo menos vinte anos, logo assim que ele saiu de lá.
Como nem tudo nessa vida são desgostos, apesar de membros da oposição, seja ela de qual partido for, dizerem exatamente o contrário, Ianzinho, com o apoio da mãe, conseguiu. Isso mesmo, chegou lá. Hoje ganha muito dinheiro com sua profissão, e é respeitado por toda a cidade.
"Em cidade do interior, você vive a sua vida, e ajuda os outros a viverem a deles." Ao ouvir essa frase em algum canto da cidade, pensei que poderia ser mais completa, pois, afinal, você pode atrapalhar os outros a viverem a vida deles também.
Acompanhe o resto da história, de que falamos logo acima.
É uma pena vermos a história de Ianzinho, e não podermos acreditar no final.
A classe dos jornalistas, a cada dia, vem tendo o demérito ampliado por outros setores da comunidade, que parecem acreditar que este trabalho não é tão importante assim. E quem disse que é? Se a maioria está falando que não tem, em contraponto, não aparece unzinho sequer para defender. Falar que todos venceram na vida, e viveram felizes para sempre, é uma hipocrisia sem tamanho. É claro que isso ocorre com todo mundo, em todas as profissões, mas dentro de nosso egoísmo classista, me reservo ao direito de defender ao jornalismo.
Aqueles que outrora estavam tão acostumados a bater, bater e bater em políticos, jogadores de futebol, ou qualquer um que julguem que precisa apanhar, (e, convenhamos, ainda fazem isso), se mostraram completamente indefesos, desorganizados quanto ao sindicato, e mereceram perder o pouco de direitos que já tinham. Ora pombas! Foi apenas o retorno de uma sociedade oprimida pelas notícias divulgadas pelos veículos de opinião, e não pelos fatos, dos quais eles não possuem nenhuma culpa. Ou então uma vingança, por terem sido tão manipulados durante tanto tempo.
O fato é que muitos, muitos jornalistas mesmo, tem que conviver com a sombra de maus salários, e uma certa dose de desconfiança da família, até se afirmarem na carreira.
Se isso é verdade, eu não sei. Sei que estou muito bem como estou.
Ian Pedro Guimarães, direto de Cabrobó do Norte.
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